Brasília, 5 set (EFE).- O chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, chegará amanhã a Brasília, onde na segunda-feira reforçará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cooperação militar entre os dois países, com a assinatura de um acordo que representará o pagamento pelo Brasil de mais de US$ 12 bilhões.
Sarkozy deve chegar a Brasília no final da tarde de domingo e será recebido no Palácio da Alvorada por Lula, onde este oferecerá um jantar em homenagem ao líder francês.
No início da segunda-feira, Sarkozy assistirá como convidado especial aos atos comemorativos do Dia da Independência, que incluirão um desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios.
Ao final desses atos, Lula e Sarkozy se reunirão novamente no Palácio da Alvorada, onde o presidente francês receberá a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul no grau Grande Colar, a mais alta condecoração do Estado brasileiro.
Lula e Sarkozy terão depois um encontro particular, ao qual se unirão ministros dos dois países, e, em seguida, serão assinados acordos bilaterais nas áreas de defesa, cooperação policial, imigração, transportes, agricultura e tecnologia, entre outras.
Após uma entrevista coletiva e um almoço com Lula, Sarkozy deve retornar diretamente a Paris ainda na segunda-feira.
O acordo mais importante dos que serão assinados durante a visita do presidente francês se refere à construção conjunta de um submarino de propulsão nuclear e outros quatro convencionais do modelo francês Scorpene, assim como do estaleiro onde serão fabricados os navios e de uma base naval de apoio.
O convênio também inclui 50 helicópteros de transporte franceses EC-725 para as Forças Armadas brasileiras, que serão fornecidos entre 2010 e 2016 por um consórcio formado pela brasileira Helibras e pela europeia Eurocopter, filial do grupo europeu EADS.
As operações com os submarinos e os helicópteros significarão para o Brasil um desembolso de US$ 12,317 bilhões.
Do custo total, US$ 6,161 bilhões serão destinados ao programa de construção dos submarinos, enquanto o resto será para a aquisição das aeronaves.
Em ambos casos, foi definida a transferência de tecnologia francesa em todas as áreas, exceto a de propulsão nuclear, como exigido pelo para aprovar os convênios.
Para concretizar a operação, o Senado brasileiro aprovou a contratação de empréstimos no valor de US$ 8,671 bilhões com um grupo de bancos europeus formado pelos franceses BNP Paribas, Société Générale, Calyon, Credit Industriel et Commercial e Natixis, junto com o espanhol Santander.
O Tesouro brasileiro financiará o resto desta operação, à qual o Ministério da Defesa deu caráter de "estratégica", pois busca reforçar a vigilância na plataforma marítima do país, onde foram descobertas grandes reservas de petróleo e gás.
Também na área de defesa, a França está na expectativa diante de uma decisão para a compra de 36 caças-bombardeiros para a Força Aérea Brasileira.
O resultado da licitação convocada pelo Brasil será anunciado nas próximas semanas, e permanecem na disputa a empresa francesa Dassault Aviation, com o caça Rafale; a sueca Saab, com o Gripen NG, e a americana Boeing, com o F/A-18 E/F Super Hornet.
O Governo brasileiro manifestou publicamente sua inclinação pelo caça Rafale, especialmente devido à clara disposição da França de aceitar a transferência de tecnologia exigida na convocação.
Segundo o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, "em diálogos com Índia, Rússia, Suécia e Estados Unidos, só se encontrou efetivamente nos franceses uma transparência e uma disposição real para uma associação estratégica com o Brasil". EFE